Em resposta ao Editorial de 26/03, do Jornal Folha de São Paulo "Deseducação pela Greve"
Sinto-me indignada
com o posicionamento do Jornal Folha de SP, (editorial 26/03) “Deseducação
pela Greve”( http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/03/1608224-editorial-deseducacao-pela-greve.shtml) no qual a Folha se posiciona contrária à greve dos professores
estaduais de SP. O Jornal demonstra uma falta imensa de conhecimento dos problemas
educacionais estaduais, ao dizer não saber o motivo dos professores estarem em
greve, já que os mesmos receberão bônus “cala boca” dentro dos próximos dias.
Revolto-me
profundamente ao ver o jornal se
posicionar contrário à paralisação, já que o mesmo publicou no final de 2014, uma matéria (conforme
o link abaixo: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/12/1556283-alckmin-corta-verba-de-escolas-paulistas-destinada-a-limpeza-e-obras.shtml), dizendo que o Governador Geraldo Alckmin cortou as verbas das escolas estaduais,
inclusive para papel higiênico, obrigando professores e funcionários a levar papel de casa a
fim de cuidar de seus asseios básicos diários.
Envergonho-me
ao dizer ser assinante de um jornal que não compreende a educação como a grande
esperança para minimizar os problemas econômicos, políticos e sociais do nosso
país.
Entristeço-me
ao saber que a Folha, um jornal que se
diz tão democrático, desconhece a realidade das escolas públicas estaduais, na qual um
professor no final de carreira, recebe praticamente o mesmo que um iniciante na Prefeitura de São Paulo.
Sinto-me chateada
ao ler tal edital, afinal ,apesar do Estado de São Paulo ter o piso nacional
superior ao restante do país, é o estado mais rico e onde o custo de vida é
mais alto também, portanto, faz-se necessário remunerar bem seus educadores. Porém, é um absurdo achar que um professor que possui um salário piso de R$ 2.416,00
consegue sobreviver na atual crise econômica, sendo obrigado a acumular com dois
ou três trabalhos diários em outras redes de ensino, o que o impede de ter o
mínimo de qualidade de vida, e muito menos tempo para preparar as aulas.
Creio que a
Folha de SP desconhece também que na
rede estadual há em torno de 57 mil professores contratados, um número muito
alto diante do total de professores da rede, em torno de 251 mil; não deve saber também que o Governo de SP fechou 2700 salas este ano, demitindo milhares de professores, e ainda este jornal nunca deve ter ouvido "dizer" que com o fechamento de salas, as que restaram estão superlotadas. Há salas com mais de 50 alunos frequentes.
E com certeza, esse jornal não soube da escola E.E. Prof.Alberto Conde, na Zona Sul de São Paulo, que necessita urgente de reforma, ou então da escola E.E. Dr. Miguel Vieira Ferreira, na Vila Medeiros, onde goteja dentro da sala de aula, e alunos são obrigados a ter aulas nessas condições. Ambas escolas já foram denunciadas na Assembleia Legislativa pelo Deputado Estadual Carlos Giannazi.
Cara Folha de São Paulo, vocês envergonham o Brasil ao dizer ser "Um Jornal a serviço do Brasil" , mas que agora, professores e sociedade enxergam que vocês caminham ao lado de um governo que está no poder há mais de vinte anos, um governo que sucateou a educação, um governo denunciado em desviar milhões e milhões de reais em esquemas de corrupção, um governo autoritário, conservador e que falta com a verdade.
Nestas condições, é necessário que o jornal conheça melhor, e de perto, as atuais condições de trabalho da rede estadual de ensino, antes de se posicionar contrário à greve legítima dos professores estaduais de SP.
Michelle Bernardes
Professora da Rede Municipal de Ensino de São Paulo
1 comentários: